terça-feira, 2 de julho de 2013

Entenda a ideologia por trás da quebradeira

Entenda a ideologia por trás da quebradeira

Um dos guias para os seguidores é um manual de 397 páginas chamado The Black Bloc Papers, disponível on-line, com um histórico dos principais confrontos e também um detalhamento das estratégias recomendadas para os manifestantes radicais. O manual ensina noções de primeiros socorros, o que fazer em caso de prisão e recomenda dicas básicas, como sempre levar uma camisa diferente na mochila, para não ficar marcado pela polícia e poder fugir após os conflitos.

O BB não remete a movimentos anarquistas da década de 1980, mas, depois da onda de protestos, ganhou novos adeptos no Brasil e muitas páginas nas redes sociais. Caso do Black Bloc mineiro, que abriu seu canal de informação no Facebook no dia 21, quatro dias depois da segunda manifestação na capital mineira, que reuniu cerca de 30 mil pessoas. Hoje já existem páginas do movimento em pelo menos nove estados, todas criadas depois do início dos protestos pela redução das tarifas na capital paulista. 

Além dos perfis nas redes sociais, o grupo tem como canal de comunicação um programa de computador usado para conversas on-line entre jogadores de videogame ou o TwitCasting, que permite transmitir um vídeo ao vivo a partir de aparelhos de telefone celular. Também trocam fotos, sempre imagens de confronto com a polícia ou cenas de depredação, mensagens de solidariedade entre os grupos, instruções sobre como agir nos protestos, vídeos e textos doutrinários. 

Somente o Black Bloc Brasil, grupo criado no Facebook em 2012, já tem quase 200 mil seguidores. Na página, uma foto de manifestantes quebrando uma estação de metrô e uma citação do Jack Kerouac, escritor norte-americano, símbolo da geração beatnik, autor de On the road: “Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que veem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas”.

Estudo
Jeffrey Juris é professor de antropologia do Departamento de Sociologia e Antropologia da Northeastearn University, em Boston, nos Estados Unidos, e estudou os Black Blocs após os conflitos em Gênova, na Itália, em 2001, durante encontro dos oito países mais ricos do mundo, o G-8, quando um manifestante foi morto atingido por uma arma de fogo. 

Juris explica que o Black Bloc não é uma organização, mas um conjunto de táticas editadas e difundidas pela internet por grupo de jovens militantes durante os protestos. Geralmente, mas sem ser uma regra, eles vestem calças e blusas pretas, botas e máscaras ou bandanas para cobrir o rosto. Aas máscaras servem para esconder a identidade, mas também tem outra função: “Expressar solidariedade coletiva através do anonimato e retratar imagens típicas da rebeldia juvenil”, afirma Juris. Ainda segundo o acadêmico, eles têm uma postura anticapitalista e rejeitam o mercado e o Estado.

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